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Transformação Digital como fator de sobrevivência

Transformação Digital como fator de sobrevivência

Digital Transformation as a means of survival

Pela primeira vez na história temos quatro gerações diferentes em simultâneo no mercado de trabalho (Baby Boomers, Geração X, Millennials e Centennials), o que se traduz naturalmente num enorme desafio atendendo às diferentes visões e ambições que cada grupo traz para o mercado de trabalho. Por um lado, temos os Baby Boomers, que se encontram a caminhar para o final de carreira e tendem a ocupar funções de decisão, por outro, temos os Nativos Digitais, com diferentes motivações e proficientes em ferramentas que não estão ainda em uso nos seus locais de trabalho.

Este desencontro geracional conduz desde logo a questões tão simples como: “se a minha vida pessoal é controlada através do Smartphone, porque razão uso eu formulários em papel ou processos altamente burocráticos e confusos na minha empresa?”.

Não colocando o ónus em nenhum dos atores, mas é um facto que vivemos numa era de mudança, cujo ritmo é estonteante e não comparável a outras épocas histórias, bastando pensar no exemplo de que o primeiro iPhone foi lançado apenas em 2007 e, desde então, até as máquinas comunicam entre si e com a Cloud.

O conceito de Transformação Digital surge com naturalidade, com a necessidade de acompanhar o acelerado desenvolvimento tecnológico, mas sobretudo para ajudar as organizações a enquadrar e priorizar os principais responsáveis pelo seu desenvolvimento; as Pessoas, os Processos e a Tecnologia, exatamente por esta ordem!

Antes de avançar um pouco mais no tema, é pertinente avaliarmos a taxonomia e garantir que falamos a mesma linguagem: Digitalização não é sinónimo de Transformação Digital, uma vez que o primeiro (que em Inglês se divide em dois termos – Digitization e Digitalization) se cinge à passagem de dados/informação e/ou processos para um formato digital, enquanto o segundo pretende reformular e inovar os processos de negócio, utilizando para isso todas as novas tecnologias que temos ao dispor.

Faz então sentido que a Transformação Digital assente nas Pessoas, se foque na reinvenção dos processos, mas que se baseie obviamente na implementação das mais recentes tecnologias.

A vertente das Pessoas foi já introduzida, mas no fundo trata-se do pilar mais importante para as organizações, pois serão as pessoas, e a sua interação com os processos e tecnologias, a ter de entender as novas lógicas de geração de valor e assim concentrar-se em extrair todo o seu potencial. É fundamental ajustar as expectativas de todos os intervenientes e entender os desafios próprios do choque geracional, respeitando o que cada indivíduo pode oferecer e sobretudo tornando o processo de transformação inclusivo, para que se incorporem as suas ideias e propostas e todos se possam rever nos cenários futuros.

Os Processos de negócio representam todas as tarefas ou atividades que, de forma estruturada e coordenada, permitem satisfazer as necessidades de um cliente. São por isso o core das atividades das organizações e é sobre a sua eficiência e eficácia que recaem todas as atenções, sendo vital não cair na rotina e desafiar constantemente o status quo, ousando criticar, redefinir e inovar nesses mesmos processos, por forma a garantir a diferenciação e sustentabilidade da proposta de valor da organização.

Recordo uma frase de Bill Gates que nos diz que aplicar automação (ou num sentido mais lato, novas tecnologias) a um processo ineficiente só servirá para ampliar a sua ineficiência, o que parece ser obviamente sensato, mas que infelizmente se trata de uma prática muito comum.

Não é possível dissociar os processos das tecnologias, uma vez que são estas que permitem quebrar barreiras e desafias as regras do jogo, sendo no entanto, “apenas” um meio para alcançar o objetivo.

É por isso que esta nova época não será apenas dominada por tecnólogos, e que me desculpem os colegas pois estamos numa consultora tecnológica e obviamente que teremos um papel fundamental, mas a visão de conjunto direcionada para a diferenciação e sustentabilidade das organizações será a cola necessária e que justificará os avanços tecnológicos que ainda estão para vir.

As organizações que teimam em não reconhecer que o seu ativo principal, as pessoas, estão a mudar (enquanto colaboradores trazendo novos skillsets, visões e ambições, mas também enquanto “clientes”), irão ter muita dificuldade em criticar os seus processos e reconhecer as diferentes potencialidades trazidas pelas novas tecnologias. Neste momento ser líder de mercado ou ter os processos mais eficazes não é garantia de sobrevivência, num ambiente disruptivo, e tal como Darwin já o indicava em 1809, serão os mais rápidos a responder à mudança que irão sobreviver.

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A transformação digital, e as tecnologias que a suportam, estão já num estágio de maturidade interessante para que se tornem as soluções do presente. É necessário deixar cair o preconceito de que não passam de buzzwords, confiar nas suas capacidades e apostar na sua implementação, respeitando obviamente as melhores práticas para a gestão de projetos.

É imperativo conhecer a situação atual do processo, indicar um objetivo e, a partir daí, construir uma jornada (podendo esta ser incremental), sem nunca descurar os famosos rácios financeiros, que tantas vezes são a única plataforma de entendimento com os decisores.

A minha experiência na implementação de projetos de transformação digital diz-me que os holofotes estão sempre colocados em iniciativas que podem ser disruptivas, trazendo responsabilidade e compromisso extra para com o objetivo inicialmente traçado. Um fracasso pode sempre originar descrédito e é por isso importante respeitar as diversas etapas, envolvendo as pessoas, selecionando as soluções e parceiros de acordo com critérios específicos e finalmente garantir uma correta implementação, para que o projeto alcance o seu propósito – o da geração de valor para a organização!

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