Storytelling e a humanização das marcas
A Inês é Chief Marketing Officer na Affinity. Gere a…
As pessoas conectam com pessoas. Com emoções. Experiências. Valores. Crenças. Com histórias.
A era do ‘compra o meu produto porque é o melhor’ acabou, dando espaço para as marcas conectarem com os seus clientes ou potenciais clientes a um nível mais profundo.
Em vez de lançar informações a um público apenas recetor, as empresas devem esforçar-se para realmente ouvir o que as pessoas estão a dizer nos seus próprios contextos. Compreender, estabelecer conversas, construir comunidades e contar histórias que ressoam nessas comunidades.
Storytelling vai muito além das características do produto ou serviço e visa muito mais do que a compra. As marcas humanizam-se e o conteúdo torna-se a chave.
Com a grande quantidade de conteúdo e plataformas existentes, as pessoas não estão mais disponíveis para parar e ouvir um discurso esgotado sobre o quão boa uma determinada empresa, produto ou serviço é. Residindo no próprio público o poder de escolher o conteúdo que consome, ele mover-se-á, naturalmente, na direção das ideias, produtos, serviços ou marcas que valorizam, confirmam e reforçam a sua própria identidade.
O ser humano busca compreensão, pertença e alguma dose de validação e conectar-se-á com empresas com capacidade de atender a essas necessidades, empresas que falam a mesma língua, agem com os mesmos valores e defendem causas semelhantes.
Então, o que é o storytelling e como funciona?
Neil Patel descreve storytelling como “a arte de comunicar uma ideia, mensagem ou evento, articulando palavras, imagens e sons numa narrativa. Histórias visuais, histórias escritas e histórias verbais – é este o tipo de conteúdo que amamos.”
Contar histórias é dar um contexto, um significado, um ângulo a um produto, serviço ou empresa, é mais persuasivo e menos invasivo, funcionando como um convite para as pessoas conhecerem os ‘comos’ e ‘porquês’, oferecendo-lhes uma porta aberta ao caráter da empresa.
As histórias podem ser reais ou fictícias, mas a sua mensagem deve ser sempre genuína. As histórias podem vir acompanhadas de dados ou meramente imaginárias, mas devem ser coerentes ao longo de toda a experiência do cliente. Histórias reais são poderosas, compartilhar experiências, estudos de caso, pesquisas e resultados significativos da jornada individual da empresa tem um potencial único de apresentar a empresa sem que seja preciso dizê-lo.
Como disse a psicóloga Jennifer Aaker: “Quando dados e histórias são usados juntos, eles têm uma capacidade única de ressoar no público tanto ao nível intelectual como emocional. Para o efeito ser duradouro, é preciso persuadir o cérebro racional, mas também ressoar com o cérebro emocional.” Na verdade, se por um lado, os dados fornecem substância e fatualidade ao discurso, é por meio de histórias que nos conetamos com as pessoas a um nível mais profundo e criamos relações a longo prazo.
Através de histórias, as empresas têm a oportunidade de desenvolver a confiança na relação com o seu público e de convidar novos clientes a perceber o produto ou serviço. Histórias ajudam as coisas a fazer mais sentido tornando o conteúdo mais perceptível e próximo.
Os nossos cérebros respondem a histórias mais do que a qualquer outra coisa. Pesquisas mostram que histórias são lembradas até 22 vezes mais do que fatos apenas. É tudo sobre a experiência: a relação entre causa e efeito cria significado para nós e torna possível uma conexão emocional.
Assim como as pessoas têm histórias, as empresas também. A transparência na partilha das nossas batalhas, realizações, fracassos, aprendizagens é o que nos torna reais; e essa premissa pode ser estendida às empresas: é quando os clientes ouvem falar da jornada, das motivações, sonhos e lutas que se sentem acolhidos, se sentem parte, há um sentimento de empatia e proximidade com a empresa.
Como usar storytelling na estratégia de marketing?
Depois de estabelecido o potencial do storytelling, como exatamente pode ser usado nas estratégias de marketing de conteúdo?
Em primeiro lugar, ao usar o storytelling numa estratégia de marketing, deve haver um entendimento claro sobre quem é o público-alvo. Essa definição deve incluir os aspectos demográficos do seu público, bem como os traços psicológicos e comportamentais. Com quem estamos/queremos a comunicar? Quais são os interesses desse público? Onde podemos encontrá-los? O que estão eles a faze? O que é que eles valorizam na vida? Que desafios enfrentam?
Em segundo lugar, deve ser claramente definido o objetivo. Uma meta precisa, direta e mensurável sobre a qual o sucesso pode ser determinado e que guia a intenção por detrás da partilha de uma determinada história – o que é que deseja alcançar ao contar essa história?
Em terceiro lugar, a história deve ser contada de forma compreensível, construída desde o antes, durante e depois, partilhando o processo e culminando no resultado, conquista ou aprendizagem.
Por último, a história deve ter um final. Isto não quer necessariamente dizer que temos de ter um fim irreversível, apenas significa que a história deve responder claramente ao objetivo estabelecido e acrescentar valor ao público-alvo, levando-o numa jornada significativa rumo a uma conclusão que ressoa com a sua realidade.
Conclusão
As histórias criam emoções. Usar o storytelling numa estratégia de marketing de conteúdo constrói conexões mais fortes com o público, criando uma sensação de compreensão, confiança e comunidade que vai muito além da compra de um produto ou serviço.
Se usado corretamente, o storytelling é um forte aliado para um crescimento orgânico no digital, impulsionando as conversões e a criação de relacionamentos de longo prazo com o público-avo através de uma troca honesta de experiências e aprendizagens.
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A Inês é Chief Marketing Officer na Affinity. Gere a estratégia de comunicação e marketing da empresa e só deixa de pensar em comunicação quando está a viajar, praticar yoga ou a colocar a leitura em dia. E mesmo desses momentos… resulta muita inspiração!